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Location: Cranbrook, Colômbia Britânica, Canada

Helder Fernando de Pinto Correia Ponte, também conhecido por Xinguila nos seus anos de juventude em Luanda, Angola, nasceu em Maquela do Zombo, Uíge, Angola, em 1950. Viveu a sua meninice na Roça Novo Fratel (Serra da Canda) e na Vila da Damba (Uíge), e a sua juventude em Luanda e Cabinda. Frequentou os liceus Paulo Dias de Novais e Salvador Correia, e o Curso Superior de Economia da Universidade de Luanda. Cumpriu serviço militar como oficial miliciano do Serviço de Intendência (logística) do Exército Português em Luanda e Cabinda. Deixou Angola em Novembro de 1975 e emigrou para o Canadá em 1977, onde vive com a sua esposa Estela (Princesa do Huambo) e filho Marco Alexandre. Foi gestor de um grupo de empresas de propriedade dos Índios Kootenay, na Colômbia Britânica, no sopé oeste das Montanhas Rochosas Canadianas. Gosta da leitura e do estudo, e adora escrever sobre a História de Angola, de África e do Atlântico Sul, com ênfase na Escravatura, sobre os quais tem uma biblioteca pessoal extensa.

Saturday, July 28, 2007

3.9.2 O Papel de Angola na Corrida à África e no Estabelecimento de Impérios Coloniais


2. O Papel de Angola na Corrida à África e no Estabelecimento de Impérios Coloniais

Amigo Leitor - Este capítulo eastá ainda em desenvolvimento

Angola e o Colonialismo Europeu

1795 escravatura abolida na Holanda
1807 - tráfico de escravos abolido na Inglaterra
1834 - Escravatura abolida no Império Britânico
1867 - Os primeiros diamantes são descobertos na África do Sul
1869 - Completa-se a construção do Canal do Suez

2.1 A Revolução Industrial e o Imperialismo Europeu

A Revolução Industrial foi um factor decisivo no imperialismo europeu. As economias europeias precisavam não só de matérias primas e de mão-de-obra a baixo custo, como precisavam também de novos mercados para os seus produtos manufacturados. Os povos africanos ofereciam aos estados europeus a melhor oportunidade de expansão não só pela sua proximidade geográfica e massa de população, como também pelo facto de o continente africano não estar sob a hegemonia de qualquer potência.

2.2 A Abolição da Escravatura e do Tráfico de Escravos

Assim, a abolição da escravatura e do tráfico de escravos do Atlântico acontecerem tão só por razões morais mas mais por razões económicas. A Inglaterra, refeita da perda das colónias da América, passou a concentrar os seus esforços na expansão de novos mercados fornecedores de produtos tropicais essenciais ao crescimento da sua indústria, ao mesmo tempo que novos mercados consumidores eram necessários para a colocação dos seus produtos. Com efeito, consciente da concorrência que lhe podia advir dos Estados Unidos da América, nada melhor que advogar e policiar a abolição da escravatura e do tráfico, pois tal reduziria a capacidade das antigas colónias Americanas de expandir a sua economia, e deste modo desafiar a hegemonia britânica, pois o escravo era ainda a principal fonte de riqueza nas Américas. Quanto às colónias espanholas e portuguesas da América Central e do Sul, a estratégia britânica baseou-se no suporte à onda de independência política que assolou a América Latina no primeiro quartel do Século XIX e na abertura dos seus portos e economias às mercadorias produzidas em Inglaterra.

2.3 Portugal e a Colónia de Angola

Este paradigma fez-se reflectir em Portugal e nas suas colónias através da independência do Brasil em 1822 e a consequente abertura dos seus portos ao comercio internacional, e nas praças de África, na abolição do tráfico negreiro. No caso particular de Angola, pode dizer-se que a expansão do domínio português para o interior da colónia de Angola foi um dos primeiros resultados da abolição da escravatura em Portugal mercê dos esforços do Marquês de Sá da Bandeira em 1836.

Com efeito a expansão territorial do domínio português em Angola começou em 1838, com o estabelecimento do Forte do Duque de Bragança perto da quedas do mesmo nome (Calandula),perto da confluência dos rios Lucala e Quanza. Dentro dos próximos dez anos, os Portugueses estenderam o seu domínio até à margem do Rio Cuando.

Entretanto em 1840, era fundada a povoação de Moçâmedes, a sul de Benguela, e durante o mesmo período os Portugueses tentaram a conquista dos povos da costa entre Luanda e Cabinda (Ambriz, Ambrizete (Nzeto), e Santo António do Zaire (Soio), não conseguindo porém os seus objectivos devido à oposição britânica.

Como medida de estabelecer com melhor firmeza o seu domínio no reduzido território que controlavam ao longo do Rio Quanza, os Portugueses impuseram um imposto “por cabeça” que tinha de ser pago por africanos em moeda corrente ou em produtos coloniais, obrigando-os assim a participar na economia colonial, o que em breve resultou na expansão do domínio económico dos Portugueses às regiões limítrofes do interior.

2.4 As Viagens de David Livingstone e o Imperialismo Britânico

David Livingstone nas suas viagens ao interior de África que desde 1852 tinham assegurado um bom número de acordos de protecção britânica com muitos chefes locais, alguns dos quais situados no território entre Angola e Moçambique, agravou as diferenças entre Portugal e a Inglaterra que disputavam a vassalagem dos povos da região. levando e o objectivo britânico de dominar todos os territórios ao longo da faixa entre o Cabo (na África do Sul) e Cairo (no Egipto) eram desafios que os Portugueses não podiam deixar de ignorar e atender de imediato, sob pena do não reconhecimento pela comunidade internacional dos seus direitos históricos, que não eram já reconhecidos por nenhum estado europeu.

2.5 A Sociedade de Geografia de Lisboa

Em 1870 o Ministro da Marinha e do Ultramar português estabeleceu uma comissão para preparar uma expedição por terra entre Angola e Moçambique com o fim de reafirmar o domínio português sobre a longa faixa de território entre as duas colónias. Com a criação da Sociedade de Geografia de Lisboa em 1875, o esforço português em África ganhou um ímpeto muito grande, já que mobilizou um número grande de comerciantes e industriais, estudiosos, missionários e oficiais militares de carreira, e fazendo Portugal acordar para a realidade africana uma geração após a independência do Brasil.

Melhores meios financeiros e maiores recursos humanos foram postos à disposição pelo governo português para estudo, ocupação e colonização de praças em África, e um pequeno volume de emigração foi orientada para as novas colónias, em especial para Angola e Moçambique.

2.6 O Acordo Luso-Britânico de 1884 sobre a Foz do Zaire

Assim e pela mesma razão os Portugueses ocuparam o Antigo Reino do Congo em 1881 e Cabinda e Massábi em 1883, como medida de afastar ou tentar neutralizar a influência dos franceses a norte (Ponta Negra) e de Leopoldo II da Bélgica na foz do rio Zaire (Boma e Matadi), que entretanto tinham estabelecido um número de feitorias comerciais ao longo da costa.

Com o objectivo de confirmar o seu domínio sobre a região, Portugal assinou um acordo com a Inglaterra em 1884, em que a Inglaterra confirmava a pretensão portuguesa. Contudo, tanto os Franceses com Leopoldo II da Bélgica montaram uma oposição muito forte contra o acordo, não o reconhecendo de forma alguma, e até argumentando ruídos de guerra. Face à oposição internacional e ao risco da deterioração das suas relações com o resto da Europa, incluindo o risco de uma nova guerra, o Parlamento Inglês não reconheceu o acordo com Portugal.

2.7 A Conferência de Berlim

Com o objectivo de confirmar e haver reconhecidas as suas possessões em África, especialmente os seus direitos históricos sobre a foz do Rio Zaire, Portugal de iniciativa própria apelou ao Chanceler Alemão Otto von Bismark para a realização de uma conferência internacional sobre a Bacia do Congo.

O pedido de tal conferência, que tinha sido feita por Portugal já algumas vezes em anos anteriores e tinha acabado em “ouvidos de mouco”, desta vez porém capturou a atenção de Bismark, que se via preocupado com a expansão francesa e inglesa em África, e com a falta de colónias alemãs em África.

Até aquela altura, a posição oficial (embora não a de facto) do governo alemão era que a Alemanha não estava interessada em colónias; contudo, a rápida ascensão da Inglaterra como potência económica através da Revolução industrial, convenceu Bismark que esta era a melhor oportunidade para a Alemanha se lançar também na Corrida à África, com o objectivo de assegurar fontes de matérias primas para a indústria alemã e de novos mercados para a sua economia emergente, e também de despoletar uma situação internacional que se tornava gradualmente mais explosiva.

A conferência teve lugar em Berlim, entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Novembro de 1885, durando os trabalhos quase um ano. Quatorze estados fizeram-se representar - Suécia-Noruega (que estavam unidas até 1905), Dinamarca, Inglaterra, Holanda, Bélgica, França, Alemanha, o Império Austro-Húngaro, Itália, Espanha, Portugal, Turquia, Rússia, e Estados Unidos da América - dos quais a França, a Inglaterra, a Alemanha e Portugal foram os mais protagonistas.

A conferência começou por discutir o estatuto internacional advogado para o delta do Rio Níger e da foz do Rio Zaire, que passariam a ser abertas ao comércio internacional, e não sujeitas a qualquer domínio colonial. Apesar do acordo atingido no que respeita à neutralidade para a foz do Zaire, a grande bacia do Zaire, incluindo a região do Baixo Congo (imediatamente a norte e Nordeste de Angola) passou a ser colónia privada do Rei Leopoldo II da Bélgica, sob a bandeira do Estado Livre do Congo.

2.8 A Corrida à África

Até ao tempo da Conferência de Berlim, a presença europeia em África reduzia-se a um número limitado de entrepostos costeiros, que tinham servido de portos negreiros durante os 350 anos do tráfico de escravos do Atlântico, com a excepção da presença portuguesa ao longo do curso do Rio Cuanza na costa ocidental, e do Rio Zambeze na costa oriental, e da penetração Boer na colónia do Cabo, no Transval e no Estado Livre de Orange na África austral.

É certo que a descoberta de diamantes a norte do Transval em 1867 tinha atraído um grande número de colonos à região, representando no todo menos de 10% da superfície total do continente. A Conferência de Berlim foi a primeira conferência global na história, na medida em que envolveu a maioria dos estados mais desenvolvidos na época (Europa e Estados Unidos da América), se bem que não tenha incluído qualquer estado da Ásia.

A conferência adoptou ainda o princípio fundamental de ocupação efectiva do território, pela qual a soberania de um estado colonizador sobre um território colonial era somente reconhecida pela comunidade internacional, se o país colonizador demonstrasse que tivesse uma presença efectiva que pudesse proteger o comércio na colónia, tivesse uma administração colonial e uma presença militar efectiva.

O princípio da ocupação efectiva fez da África um manto de retalhos de colónias europeias e resultou na configuração territorial das colónias não corresponder às fronteiras dos estados tradicionais africanos, pela qual nações africanas ficaram divididas entre várias colónias, e uma mesma colónia incluir estados tradicionais africanos inimigo tradicionais.

2.9 Impérios e Colónias

Após a Conferência, a África ficou assim dividida: Para a Inglaterra, o eixo de colónias do Cabo ao Cairo, incluindo o Sudão, Uganda, Quénia, Rodésia e Niassalândia (Zâmbia, Malawi, e Zimbabwe), Bechuanalândia (Botsuana), e Suazilândia (Lesoto), e as colónias da Costa do Ouro (Gana) e Nigéria.

A França ficou com a maior parte da África Ocidental, da Mauritânia ao Chade, e as colónias do Gabão e do Congo Francês (Brazzaville) na África Central.

A Alemanha ficou com a colónia do Togo no Golfo da Guiné, Sudoeste Africano (Namibia), e Tanganica (Tanzânia).

O Rei Leopoldo II da Bélgica viu confirmada a sua soberania sobre of Estado Livre do Congo (Congo Kinshasa).

Portugal ficou com Angola na costa ocidental e Moçambique na costa oriental. A Itália ficou com a Somalilândia (Somália) e parte da Etiópia.

A Espanha ficou com a pequena colónia da Guiné Equatorial (Rio Muni).

Introdução - Razões históricas da Presença portuguesa em África Angola e a Conferência de Berlim.

1 Comments:

Blogger ARÃO I. A. de Araujo said...

Parabéns pelo seu trabalho. Um blog que aborda a história de uma forma excepecional. Nota-se a forma apaixonada com a qual seu trabalho é produzido, contudo, ao invés de afastá-lo do rigor técnico necesssário a um trabalho historiográfico, essa funciona como "tempero" ao ouvido do leitor, uma sinestesia infelizmente ausente na obra de muitos historiadores contemporâneos.
Arão Alves

4:36 PM  

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